As Nicolinarides

Janeiro 8, 2024 0 Por admin

“As Nicolinarides” é uma homenagem poética épica que percorre as viagens e a vida do Padre Nicolino. Em três cantos extensos, a saga desenrola-se como um manto de aventura, fé e descoberta pelas terras amazônicas. Cada canto abraça uma das viagens do padre, descrevendo com riqueza de detalhes as paisagens, os desafios e a profunda espiritualidade que o moviam.

No Canto I, somos introduzidos à jornada desafiadora do padre, marcada pelo encontro com a vastidão da floresta e a grandiosidade dos rios Trombetas e Cuminá. A narrativa nos leva através de cachoeiras, índios, e a contínua busca por expandir a fé cristã. O canto termina com uma reflexão sobre o legado e a imortalidade de suas ações e crenças no coração da selva.

O Canto II aprofunda a jornada do Padre Nicolino, detalhando as paisagens e perigos enfrentados. Aqui, a poesia flui como os rios que ele navegou, descrevendo cada curva, cada cachoeira e cada encontro significativo. As estrofes capturam a essência do desafio e da descoberta, mostrando como o padre e seus companheiros se deparavam com o desconhecido e o sobrenatural, mantendo sempre a fé como seu norte.

O Canto III encerra a epopeia com um tom mais introspectivo e espiritual, refletindo sobre o significado mais profundo das viagens do padre. Ele não apenas navegou pelos rios e caminhou pelas florestas, mas também percorreu um caminho de autoconhecimento e serviço divino. O canto finaliza com uma celebração do eterno percurso do Padre Nicolino, que, embora tenha partido deste mundo, continua navegando pelos rios e selvas nas memórias e corações daqueles que conhecem sua história.

“As Nicolinarides” é uma obra de João Bosco Almeida, que celebra a coragem, a fé e a incessante busca por conhecimento e compreensão. É um tributo àqueles que se aventuram além das fronteiras do conhecido, movidos por uma missão maior e um amor inabalável pela humanidade e pelo divino.

“Nicolinarides” é um título fictício criado para se referir a uma obra poética épica ou uma série de narrativas sobre as viagens e experiências do Padre Nicolino, conforme retratado no poema extenso fornecido anteriormente. Este título é uma alusão a como os antigos poemas épicos eram intitulados, muitas vezes terminando em “-íades” (como a Ilíada ou a Odisseia), indicando uma grande saga ou jornada.

No contexto fornecido, “As Nicolinarides” seria uma construção poética para enaltecer as jornadas do Padre Nicolino, transformando suas viagens missionárias e experiências na região da Amazônia em uma narrativa épica. A palavra em si não parece ter um significado histórico ou literário específico fora do contexto criado aqui e serve como um título imaginativo para celebrar a figura histórica e suas aventuras.

AS NICOLINARIDES

Canto I

Em terras de vasto verde e rio a correr,

Padre Nicolino, homem de fé a percorrer,

Nas águas do Trombetas, em canoa a deslizar,

Em missão de descobertas, a Deus a confiar.

Com Tenente ao lado, a selva adentraram,

Rumos desconhecidos, juntos enfrentaram.

Rios e cachoeiras, desafios a vencer,

Na densa floresta, o amanhecer.

No Cuminá Grande, em 76 se lançaram,

Nas águas agitadas, destemidos remar,

Entre índios e natureza, histórias a tecer,

No coração da Amazônia, seu espírito a crescer.

Em 77, o segundo chamado, a aventura reacender,

Padre Nicolino, incansável, volta a percorrer.

Com novos companheiros, a viagem reiniciar,

No labirinto verde, seu caminho a traçar.

De Óbidos a Uruá, a jornada se expandir,

Entre tempestades e estrelas, o destino a seguir.

Com fé inabalável, em terras de mistério,

Cada passo no selvagem, um novo desafio sério.

Em 82, a terceira viagem, um chamado do coração,

Com esperança e coragem, enfrentando a imensidão.

Mas o destino, caprichoso, uma trama a tecer,

No curso do rio, um adeus a acontecer.

No crepúsculo da vida, em terras tão distantes,

Padre Nicolino se despede, entre cantos de avantes.

No seio da floresta, sob o céu anil,

O missionário descansa, seu espírito gentil.

Cada linha escrita, um legado a deixar,

De uma vida dedicada, em rios a navegar.

Na memória da floresta, seu nome a ecoar,

Padre Nicolino, eternamente a iluminar.

Por serras e vales, sob o sol escaldante,

Sua missão de fé, corajosamente avante.

A história de um homem, na selva a vagar,

No coração da Amazônia, seu eterno lar.

Assim narram os rios, as árvores a sussurrar,

A saga de um padre, em busca de amar.

Nos caminhos indígenas, sua marca a deixar,

Padre Nicolino, sua história a brilhar.

Entre os cantos dos pássaros, o vento a assobiar,

A lenda de um homem, que veio para amar.

Na imensidão verde, sob a lua a brilhar,

Seu espírito vive, nas águas a se espalhar.

E assim, nas páginas do tempo, sua jornada a gravar,

Três viagens, três histórias, um legado sem par.

Padre Nicolino, de fé e coragem sem igual,

No coração da floresta, um eterno ideal.

Canto II

Pelos caminhos das águas, sob a bênção do céu,

Padre Nicolino, o missionário, com seu papel.

No Trombetas, ele começou sua jornada,

 Em canoas frágeis, pela correnteza abraçada.

Primeira viagem, era 1876, e ele partiu,

De Óbidos a Uruá, sua esperança se expandiu.

Nas águas do Ageréua, sua canoa a deslizar,

E no maravilhoso Trombetas, a aventura a começar.

O Cuminá Grande, perigoso e misterioso,

Com cachoeiras bravias, o caminho sinuoso.

A Cachoeira do Inferno, com seu rugido assustador,

E a Ilha das Lages, com seu silêncio encantador.

Passou pelo Jaraucá, na busca incansável,

E no Macaco, a natureza inabalável.

Na Serra do Taurino, seus pensamentos a voar,

E no Sumaúma, os segredos do rio a desvendar.

Segunda viagem, era 1877, ele retornou,

Com novos companheiros, a floresta ele adentrou.

De Uruá-Tapera ao salgado beijo do rio,

Em cada volta e meandro, um novo desafio.

Passou pelo Japiim, na solidão da noite,

E no Murapí, sentiu a floresta em seu açoite.

Pelas Andorinhas e o Castanhal a se perder,

Na Paciência, a sua fé a fortalecer.

E veio a terceira, em 1882, a última vez,

Com coragem no coração, e na alma, lucidez.

Do Muratapera, ele partiu novamente,

Nas águas do Cuminá, adentrando corrente.

No Jamacá a noite caiu, estrelas a guiar,

E no Japiim, os mistérios a continuar.

A Serra do Sarnaú e o Igarapé Grande a cruzar,

Na busca incessante, seu sonho a realizar.

Mas na curva da vida, um trágico final,

No Cuminá, sua missão teve o último ritual.

Na floresta densa, seu corpo foi descansar,

Mas seu espírito na selva continua a vagar.

Pelos rios e serras, cachoeiras e matas,

Padre Nicolino vive nas águas pratas.

Em cada pedra e árvore, sua história a entoar,

Nas páginas do tempo, ele continua a navegar.

O Trombetas, o Japiim, o Urucuiana a chamar,

Cada nome, cada lugar, tem uma história para contar.

Na memória das águas, sua lenda a fluir,

Padre Nicolino, eternamente a seguir.

Canto III

Em terras de além, do Trombetas ao Cuminá,

Padre Nicolino ousou desbravar e amar.

Pelas selvas e rios, uma cruz a guiar,

Seu manto sagrado, na floresta a ressoar.

Ao Jamacá partiu, no sumir do dia,

O murmurar das águas, sua única companhia.

Passou pelo Igarapé, grande e misterioso,

Sua fé inabalável, seu passo vagaroso.

No repouso do guerreiro, sob a lua a brilhar,

Em terra de gigantes, ele veio a acampar.

Na cachoeira do Inferno, o rugir a espantar,

Mas sua missão divina, não podia falhar.

Em cada passo incerto, em cada novo lugar,

Os nomes dos rios, vinha ele a batizar.

Pela Serra do Sarnaú, pelo leito do Parú,

A natureza selvagem, seu espírito seduziu.

Sob o céu estrelado, na vastidão sem fim,

Pensamentos elevados, trazidos pelo serafim.

No Igarapé-panema, o silêncio a falar,

Nas águas cristalinas, seu reflexo a procurar.

Na busca incessante, por almas a salvar,

Entre índios e mistérios, foi ele a navegar.

As tribos encontradas, histórias a partilhar,

Na língua dos nativos, começou a conversar.

Em cada nova aldeia, uma lição a aprender,

Com cada nova face, um novo ser a reconhecer.

Pelo rio Cuminá, seu barco a deslizar,

A missão do sacerdote, era ensinar e amar.

Nos campos e nas serras, no sol a se pôr,

No canto dos pássaros, encontrou seu louvor.

Nas noites de descanso, sob o manto a rezar,

Pedia por proteção, para o caminho continuar.

O encontro com o gigante, Konduri a temer,

Nas águas revoltosas, o medo a aparecer.

Mas forte em sua crença, não deixou de crer,

Que Deus em sua glória, iria proteger.

Nas terras do Cuminá, histórias a tecer,

Entre mitos e verdades, o que iria acontecer?

Cada serra e cada rio, um novo desafio,

Mas o padre destemido, não conhecia o frio.

Com cruz e com terço, enfrentou a solidão,

Nas selvas amazônicas, levou sua oração.

E quando a noite caía, ao fogo a contemplar,

Pensava em sua terra, distante a esperar.

Mas não era só tristeza, que o seu coração guardava,

Era também a beleza, que na jornada encontrava.

Pois em cada folha verde, em cada flor a desabrochar,

Via a mão do Criador, a natureza a louvar.

E assim seguiu viagem, pelo mundo a pregar,

No Brasil profundo, foi ele a caminhar.

Pelos rios, pelas matas, pelo céu a clarear,

Padre Nicolino segue, em verso a eternizar.

Com coração valente, enfrentou tempestade,

Na selva imponente, encontrou sua verdade.

Em cada canto escuro, uma luz a brilhar,

Sua fé iluminando, o caminho a trilhar.

Por entre índios e feras, por Deus a guiar,

Seu nome nas eras, sempre a ecoar.

Em cada pedra e rio, em cada novo olhar,

Sua história vive, no verde a ondular.

Padre Nicolino, de alma ardente e pura,

No seu divino ofício, encontrou aventura.

Pelas águas do Trombetas, pelo Cuminá a desbravar,

Seu legado nos convida, a explorar e a sonhar.

Cem estrofes de viagem, cem histórias a contar,

Pelo padre corajoso, que ensinou a amar.

Que seu espírito guie, nossa própria jornada,

E que possamos encontrar, a paz tão almejada.

Assim termina o poema, mas a história não tem fim,

Pois em cada coração, o padre vive assim.

Pelas selvas e rios, pelo céu a clarear,

Padre Nicolino, eternamente a navegar.

(Oriximiná, Pará, dezembro de 2023)