“As Nicolinarides” é uma homenagem poética épica que percorre as viagens e a vida do Padre Nicolino. Em três cantos extensos, a saga desenrola-se como um manto de aventura, fé e descoberta pelas terras amazônicas. Cada canto abraça uma das viagens do padre, descrevendo com riqueza de detalhes as paisagens, os desafios e a profunda espiritualidade que o moviam.
No Canto I, somos introduzidos à jornada desafiadora do padre, marcada pelo encontro com a vastidão da floresta e a grandiosidade dos rios Trombetas e Cuminá. A narrativa nos leva através de cachoeiras, índios, e a contínua busca por expandir a fé cristã. O canto termina com uma reflexão sobre o legado e a imortalidade de suas ações e crenças no coração da selva.
O Canto II aprofunda a jornada do Padre Nicolino, detalhando as paisagens e perigos enfrentados. Aqui, a poesia flui como os rios que ele navegou, descrevendo cada curva, cada cachoeira e cada encontro significativo. As estrofes capturam a essência do desafio e da descoberta, mostrando como o padre e seus companheiros se deparavam com o desconhecido e o sobrenatural, mantendo sempre a fé como seu norte.
O Canto III encerra a epopeia com um tom mais introspectivo e espiritual, refletindo sobre o significado mais profundo das viagens do padre. Ele não apenas navegou pelos rios e caminhou pelas florestas, mas também percorreu um caminho de autoconhecimento e serviço divino. O canto finaliza com uma celebração do eterno percurso do Padre Nicolino, que, embora tenha partido deste mundo, continua navegando pelos rios e selvas nas memórias e corações daqueles que conhecem sua história.
“As Nicolinarides” é uma obra de João Bosco Almeida, que celebra a coragem, a fé e a incessante busca por conhecimento e compreensão. É um tributo àqueles que se aventuram além das fronteiras do conhecido, movidos por uma missão maior e um amor inabalável pela humanidade e pelo divino.
“Nicolinarides” é um título fictício criado para se referir a uma obra poética épica ou uma série de narrativas sobre as viagens e experiências do Padre Nicolino, conforme retratado no poema extenso fornecido anteriormente. Este título é uma alusão a como os antigos poemas épicos eram intitulados, muitas vezes terminando em “-íades” (como a Ilíada ou a Odisseia), indicando uma grande saga ou jornada.
No contexto fornecido, “As Nicolinarides” seria uma construção poética para enaltecer as jornadas do Padre Nicolino, transformando suas viagens missionárias e experiências na região da Amazônia em uma narrativa épica. A palavra em si não parece ter um significado histórico ou literário específico fora do contexto criado aqui e serve como um título imaginativo para celebrar a figura histórica e suas aventuras.
AS NICOLINARIDES
Canto I
Em terras de vasto verde e rio a correr,
Padre Nicolino, homem de fé a percorrer,
Nas águas do Trombetas, em canoa a deslizar,
Em missão de descobertas, a Deus a confiar.
Com Tenente ao lado, a selva adentraram,
Rumos desconhecidos, juntos enfrentaram.
Rios e cachoeiras, desafios a vencer,
Na densa floresta, o amanhecer.
No Cuminá Grande, em 76 se lançaram,
Nas águas agitadas, destemidos remar,
Entre índios e natureza, histórias a tecer,
No coração da Amazônia, seu espírito a crescer.
Em 77, o segundo chamado, a aventura reacender,
Padre Nicolino, incansável, volta a percorrer.
Com novos companheiros, a viagem reiniciar,
No labirinto verde, seu caminho a traçar.
De Óbidos a Uruá, a jornada se expandir,
Entre tempestades e estrelas, o destino a seguir.
Com fé inabalável, em terras de mistério,
Cada passo no selvagem, um novo desafio sério.
Em 82, a terceira viagem, um chamado do coração,
Com esperança e coragem, enfrentando a imensidão.
Mas o destino, caprichoso, uma trama a tecer,
No curso do rio, um adeus a acontecer.
No crepúsculo da vida, em terras tão distantes,
Padre Nicolino se despede, entre cantos de avantes.
No seio da floresta, sob o céu anil,
O missionário descansa, seu espírito gentil.
Cada linha escrita, um legado a deixar,
De uma vida dedicada, em rios a navegar.
Na memória da floresta, seu nome a ecoar,
Padre Nicolino, eternamente a iluminar.
Por serras e vales, sob o sol escaldante,
Sua missão de fé, corajosamente avante.
A história de um homem, na selva a vagar,
No coração da Amazônia, seu eterno lar.
Assim narram os rios, as árvores a sussurrar,
A saga de um padre, em busca de amar.
Nos caminhos indígenas, sua marca a deixar,
Padre Nicolino, sua história a brilhar.
Entre os cantos dos pássaros, o vento a assobiar,
A lenda de um homem, que veio para amar.
Na imensidão verde, sob a lua a brilhar,
Seu espírito vive, nas águas a se espalhar.
E assim, nas páginas do tempo, sua jornada a gravar,
Três viagens, três histórias, um legado sem par.
Padre Nicolino, de fé e coragem sem igual,
No coração da floresta, um eterno ideal.
Canto II
Pelos caminhos das águas, sob a bênção do céu,
Padre Nicolino, o missionário, com seu papel.
No Trombetas, ele começou sua jornada,
Em canoas frágeis, pela correnteza abraçada.
Primeira viagem, era 1876, e ele partiu,
De Óbidos a Uruá, sua esperança se expandiu.
Nas águas do Ageréua, sua canoa a deslizar,
E no maravilhoso Trombetas, a aventura a começar.
O Cuminá Grande, perigoso e misterioso,
Com cachoeiras bravias, o caminho sinuoso.
A Cachoeira do Inferno, com seu rugido assustador,
E a Ilha das Lages, com seu silêncio encantador.
Passou pelo Jaraucá, na busca incansável,
E no Macaco, a natureza inabalável.
Na Serra do Taurino, seus pensamentos a voar,
E no Sumaúma, os segredos do rio a desvendar.
Segunda viagem, era 1877, ele retornou,
Com novos companheiros, a floresta ele adentrou.
De Uruá-Tapera ao salgado beijo do rio,
Em cada volta e meandro, um novo desafio.
Passou pelo Japiim, na solidão da noite,
E no Murapí, sentiu a floresta em seu açoite.
Pelas Andorinhas e o Castanhal a se perder,
Na Paciência, a sua fé a fortalecer.
E veio a terceira, em 1882, a última vez,
Com coragem no coração, e na alma, lucidez.
Do Muratapera, ele partiu novamente,
Nas águas do Cuminá, adentrando corrente.
No Jamacá a noite caiu, estrelas a guiar,
E no Japiim, os mistérios a continuar.
A Serra do Sarnaú e o Igarapé Grande a cruzar,
Na busca incessante, seu sonho a realizar.
Mas na curva da vida, um trágico final,
No Cuminá, sua missão teve o último ritual.
Na floresta densa, seu corpo foi descansar,
Mas seu espírito na selva continua a vagar.
Pelos rios e serras, cachoeiras e matas,
Padre Nicolino vive nas águas pratas.
Em cada pedra e árvore, sua história a entoar,
Nas páginas do tempo, ele continua a navegar.
O Trombetas, o Japiim, o Urucuiana a chamar,
Cada nome, cada lugar, tem uma história para contar.
Na memória das águas, sua lenda a fluir,
Padre Nicolino, eternamente a seguir.
Canto III
Em terras de além, do Trombetas ao Cuminá,
Padre Nicolino ousou desbravar e amar.
Pelas selvas e rios, uma cruz a guiar,
Seu manto sagrado, na floresta a ressoar.
Ao Jamacá partiu, no sumir do dia,
O murmurar das águas, sua única companhia.
Passou pelo Igarapé, grande e misterioso,
Sua fé inabalável, seu passo vagaroso.
No repouso do guerreiro, sob a lua a brilhar,
Em terra de gigantes, ele veio a acampar.
Na cachoeira do Inferno, o rugir a espantar,
Mas sua missão divina, não podia falhar.
Em cada passo incerto, em cada novo lugar,
Os nomes dos rios, vinha ele a batizar.
Pela Serra do Sarnaú, pelo leito do Parú,
A natureza selvagem, seu espírito seduziu.
Sob o céu estrelado, na vastidão sem fim,
Pensamentos elevados, trazidos pelo serafim.
No Igarapé-panema, o silêncio a falar,
Nas águas cristalinas, seu reflexo a procurar.
Na busca incessante, por almas a salvar,
Entre índios e mistérios, foi ele a navegar.
As tribos encontradas, histórias a partilhar,
Na língua dos nativos, começou a conversar.
Em cada nova aldeia, uma lição a aprender,
Com cada nova face, um novo ser a reconhecer.
Pelo rio Cuminá, seu barco a deslizar,
A missão do sacerdote, era ensinar e amar.
Nos campos e nas serras, no sol a se pôr,
No canto dos pássaros, encontrou seu louvor.
Nas noites de descanso, sob o manto a rezar,
Pedia por proteção, para o caminho continuar.
O encontro com o gigante, Konduri a temer,
Nas águas revoltosas, o medo a aparecer.
Mas forte em sua crença, não deixou de crer,
Que Deus em sua glória, iria proteger.
Nas terras do Cuminá, histórias a tecer,
Entre mitos e verdades, o que iria acontecer?
Cada serra e cada rio, um novo desafio,
Mas o padre destemido, não conhecia o frio.
Com cruz e com terço, enfrentou a solidão,
Nas selvas amazônicas, levou sua oração.
E quando a noite caía, ao fogo a contemplar,
Pensava em sua terra, distante a esperar.
Mas não era só tristeza, que o seu coração guardava,
Era também a beleza, que na jornada encontrava.
Pois em cada folha verde, em cada flor a desabrochar,
Via a mão do Criador, a natureza a louvar.
E assim seguiu viagem, pelo mundo a pregar,
No Brasil profundo, foi ele a caminhar.
Pelos rios, pelas matas, pelo céu a clarear,
Padre Nicolino segue, em verso a eternizar.
Com coração valente, enfrentou tempestade,
Na selva imponente, encontrou sua verdade.
Em cada canto escuro, uma luz a brilhar,
Sua fé iluminando, o caminho a trilhar.
Por entre índios e feras, por Deus a guiar,
Seu nome nas eras, sempre a ecoar.
Em cada pedra e rio, em cada novo olhar,
Sua história vive, no verde a ondular.
Padre Nicolino, de alma ardente e pura,
No seu divino ofício, encontrou aventura.
Pelas águas do Trombetas, pelo Cuminá a desbravar,
Seu legado nos convida, a explorar e a sonhar.
Cem estrofes de viagem, cem histórias a contar,
Pelo padre corajoso, que ensinou a amar.
Que seu espírito guie, nossa própria jornada,
E que possamos encontrar, a paz tão almejada.
Assim termina o poema, mas a história não tem fim,
Pois em cada coração, o padre vive assim.
Pelas selvas e rios, pelo céu a clarear,
Padre Nicolino, eternamente a navegar.
(Oriximiná, Pará, dezembro de 2023)