Neste espaço você pode ler parte das obras publicadas desde o ano de 1988, por João Bosco Almeida, advogado e escritor oriximinaense. Livros, artigos para jornais, ensaios, poesias, dissertações, etc. Leia e faça seus comentários! Boa Leitura!
No inicio da semana estivemos visitando a região do planalto, para saber mais sobre o que aconteceu por lá após a chamada imigração nordestina para aquela florescente região agrícola e para nossa enorme surpresa, deparamo-nos com uma desertificação de gente e muita presença de pastos, restos de castanhais secos agonizantes, campos cercados entremeados de capoeira e muito poucas roças de mandioca.
Na verdade, a planta base da farinha só visualizamos em alguns roçados às margens dos lagos e rios das regiões do Castanho e Salgado, Cuminá. Por essa razão, vale a pena, especular o que aconteceu após a chegada de mais de cem famílias nordestinas na década de 80 para o planalto, na estrada do BEC, em Oriximiná, como resultado de uma estratégia de levar pessoas sem terras com saberes da agricultura para uma região de vastas terras e pouca gente, então um quase nada de plantação agrícola nessa região Trombetina da Amazônia.
Nos anos que findaram o século XX, os resultados da maneira de trabalhar a terra por esses imigrantes não demoraram a aparecer nas feiras e mercados da cidade, trazidos pelos caminhões da prefeitura, havia muitas sacas de arroz, feijão, milho, farinha e até cacau.
Tobias da Silva, morador do km 9, da estrada BR 163 , apelidada “estrada do BEC”, diz que “a nossa produção era muito boa, a de arroz mantinha uma descascadeira funcionando aqui em casa, a gente produzia o arroz integral…Até café e cacau essa gente do nordeste plantou aqui em Oriximiná”. Quanta memória aliada a um saudosismo produtivo presente nesse depoimento do cearense de Baturité.
Saberes de um povo que dominava a técnica da plantação que se perderam ao longo das décadas passadas, mais pela falta de um planejamento setorial dos órgãos afetos à atividade agrícola do que pela presença do homem na labuta da terra e suas fainas diárias, tudo isso muito antes dos programas de apoio ao homem do campo que estão disponíveis hoje em dia , como energia elétrica, internet e linhas regulares de transportes tanto para os alunos no trecho casa-escola-casa como no escoamento da produção.
O que se ouve por lá para justificar o grande desestímulo aos imigrantes para continuarem na agricultura foi a cooptação dos agricultores para integrar “as sociedades com gado” de alguns prefeitos anteriores, momento em que a política do toma lá dá cá o voto, se materializou na retenção do capital do sócio proponente, sob a gaiata alegação de que os semoventes foram obtidos na origem por desvio de verbas públicas.
Assim, poderia ser validada a dicção moral do ladravaz com perdão centenário, dito de outra forma na região para censurar os amigos do alheio, no caso, da verba pública malversada.
Pior do que o crime contra a administração pública foi o desserviço prestado por essas gentes despreparadas, afetando gravemente o os braços disponíveis para a agricultura, atividade econômica fundamental para desenvolvimento e manutenção das famílias no campo, sustentáculo de qualquer célula na sociedade civil.
A prova maior de que uma roça de mandioca ainda é mais viável economicamente para o desenvolvimento das famílias veio da declaração da dona Leotina Souza, que “semana passada nós levamos 120 sacas de farinha para a feira do Produtor… com essa roça, já pagamos a escola do nosso filho e compramos três rabetas…”, comemorando a promessa da atual administração que vai garantir a mecanização do processo do fabrico da farinha de mandioca.
O capim ainda avança na Estrada do BEC, mas tem os dias contados se vingar a atual política do prefeito Fonseca, de apoio às famílias que se dedicam à agricultura, até porque, historicamente as populações das vilas do interior de Oriximiná estão aprendendo na pele, que o gado esvazia o campo quando beneficia o proprietário que na maioria das vezes fica na cidade, fator maior do grande êxodo rural, enquanto a agricultura fixa as pessoas ao sagrada solo que abriga e protege para o resto das suas abençoadas vidas.
Por mais roças de mandioca no município de Oriximiná!
Seguindo um velho ditado popular na região que diz: “na terra preta tem careta”, o inglês Peter Paul Hilbert e sua mulher Eva Hilbert passaram anos pesquisando e catalogando as “caretas” encontradas na região de Oriximiná na década de 50. De volta à Europa, a datação científica informa a época provável de 5.000 antes de Cristo para sua origem. Mais uma civilização desconhecida na Amazônia, mais uma área de pesquisa histórica à espera dos arqueólogos, mais uma cerâmica que precisa ser conhecida pelos nativos da região, e porque não dizer, outro potencial turístico a ser divulgado.
Peter Hilbert foi o primeiro e último a estudar a cerâmica dos “Konduri” como foi batizada por outro estrangeiro, o alemão Curt Nimuendaju, que a partir de 1923 estudou detalhadamente a cerâmica dos Tapajó, na cidade de Santarém. Frederico Barata, em A Arte Oleira dos Tapajó, também fez referências aos achados arqueológicos na região do Tapajós e Trombetas, no século passado. Lemos em Tupaiulândia, obra prima de Paulo Rodrigues dos Santos, a aparente casualidade dos achados de “caretas” nas ruas de Santarém, o que despertou a curiosidade dos habitantes e especialmente do antropólogo alemão que já havia se radicado nas matas do Mato Grosso, para estudar os Guarani, inclusive tendo adotado o apelido do tuxaua da tribo, Nimuendaju, para substituir o sobrenome Unkel. Os estudos de Nimuendaju publicados na Europa são determinantes para a vinda do casal inglês para região de Oriximiná, no longínquo ano de 1952, especialmente no vale dos rios Trombetas e Jamundá, como ele chamou para o atual Nhamundá, chegando inclusive a pesquisar também em Terra Santa e Faro.
É material de pesquisa indispensável para os estudiosos da região. Há uma empresa mineradora que assumiu encargos legais de patrocinar a retirada desse material arqueológico por pessoas habilitadas antes de descapar a floresta e sugar o solo vermelho da bauxita. O conhecimento destes elementos históricos pela população e classe estudantil deve ser móvel suficiente para estimular a pesquisa e também fiscalizar as práticas salvadoras do espólio cultural dos Konduris. Elemento produzido pelos antepassados da região, a cerâmica arqueológica de Oriximiná vem integrar a categoria diferenciadora e identificadora culturalmente da região do baixo amazonas paraense.
A Fundação Ferreira de Almeida, OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) atuante em Oriximiná, iniciou ciclo de palestras sobre A Cerâmica Konduri nas escolas da cidade, despertando a curiosidade dos professores e interesse dos alunos na busca de suas origens. Como resultado desse trabalho, Fátima Guerreiro, professora do Sapucuá, lago natural margeado pela Serra Cunuri, descobriu uma descendente da tribo dos Cunurizes que ainda sabe manejar o barro com cauixi – desengordurante natural -, e está organizando um Festival Konduri para o mês de junho próximo.
Faltam mais estudos e motivações aos nativos para se informar do conhecimento necessário das suas raízes, e a partir dessa matriz do saber local estruturar as bases da defesa do desenvolvimento regional. Mas, a iniciativa da Fundação Ferreira de Almeida e da Prof. Fátima, devem ser apoiadas pela Prefeitura Municipal de Oriximiná através de sua Secretaria de Cultura, na pessoa de outro não menos devotado pelas raízes de Oriximiná como é o Secretário Adélcio Correia Júnior.
É digno de registro um trecho extraído da obra do Professor Paulo Rodrigues dos Santos, para reforçar a tese da arqueologia regional desconhecida onde pairam as tibiezas e ignorâncias das lideranças em resgatar nossas raízes como forma de valorização da nossa gente. “…outro colecionador foi Artur Liebold, comerciante alemão da cidade, que chegou a reunir vários espécimes, não somente dos tapajós, como de outros índios do Amazonas. Sua viúva vendeu a coleção ao Dr. Ubirajara Bentes de Souza que, com carinho e incrível paciência, continuou a aumentar a coleção, sendo hoje (1965) o maior possuidor de cerâmica e objetos indígenas de várias procedências. Verdadeiro museu valendo muitos milhões de cruzeiros…” (Tupaiulândia, 2ª ed. Belém,1972 ,pág. 320)
Foi com essa carga de informações e detalhamento que Hilbert, municiado pelas instituições estrangeiras em convênio com o Museu Paraense Emílio Goeldi, passou dois anos coletando material, estudando o meio de vida da região e registrando para a posteridade em seu A Cerâmica Arqueológica da Região de Oriximiná, (Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, nº 09, Instituto de Antropologia do Pará, 1955), mapas, desenhos, e suas conclusões sobre mais esse elemento cultural de uma civilização amazônica.
* texto publicado em O Liberal no ano de 2001, por João Bosco Almeida, Advogado e autor do livro KONDURILÂNDIA-FFA.2001.
Discurso de posse do Acadêmico João Bosco Almeida, na Academia de Letras e Artes de Oriximiná, Pará, em 13 de maio de 2023.
Sr. Presidente, senhoras e senhores desta ilustre assembleia de instalação da ALAO
Caros Confrades e Ilustre Confreira,
Com as bênçãos divinas e honras deste mundo, devo iniciar o ingresso na vida acadêmica da trombetinidade ensaiando uma análise filosófica no espaço-tempo em que se formaram as letras primeiras da nossa gentilidade, qual sejam, as interpretações do espírito de Caco Konduri, meu antecedente no agon literário, artífice das palavras no soneto URAXAMINA:
Na preta e funda água bela,
Medita a pedra, sentinela posta.
Vento insufla do Omágua a vela,
A quantos nativos a história enrosca.
Exala a mata a seiva enxuta,
Regaço cativo, a terra preta;
Sagrado ídolo no solo avulta
Apantos vivos… é só careta.
O rio lamina o ferro, a quilha,
A terra culta, barro quebrado.
Semântico leito dá nome a filha
Selo remoto cola calado
Lapidar gemido a língua fará:
Uraxamina, Uradimina, Oriximiná.
Nesta abertura espaço-temporal vê-se Caco Konduri, sentado nas pedras do Iripixi, elemento passante do multiverso literário contemplando as naus lusitanas da expedição de Francisco de Orellana, em 1542, descendo o rio Amazonas, de Quito, no Perú a costa do Amapá, indo até a ilha de Trinidad e Tobago, trazendo a bordo o escriba Carvajal a registrar as Icamiabas… (faço aqui um reminiscência familiar: quando escrevia o livro Kondurilândia, meu filho pequeno diz: “pai, Carvajal, Portugal, Carnaval.. “foi Carvajal, lá em Portugal, que alarmou a Corte Real,,,, índia mulher, no além-mar… a morte quer, quer te encontrar… foi Carvajal…).
Lá também escreveu Carvajal o nome do rio das Trombetas dos portugueses, bem assim: Vrixamina…
Para Harold Bloom, americano que se destaca como o maior da língua inglesa na crítica às obras de Shakespeare, diz que “a nossa definição clássica daquilo que o sublime literário reivindica pode ser encontrada nas sentenças iniciais de The Romantic Sublime, 1976, de Thomas Weiskel: A alegação essencial do sublime é que o homem pode, no sentimento e na LINGUAGEM, transcender o humano. O que se encontra além do humano, se é que algo se encontra além – Deus ou deuses, o demônio ou a Natureza -, é objeto de grande divergência. O que define a esfera do humano, se algo é capaz de fazê-lo, provavelmente não é menos indisputável”.
Mas, é preciso delimitar nossa fala, nosso discurso para a realização, para o fazer… e me dirijo especialmente aqueles que não laboram o fazer, alegando culpas de outrem…
Neste ponto me socorre o filósofo do martelo, Friedrich Nietzsche, em um dos seus vários livros, O Crepúsculo dos Ídolos, citado pelo francês Luc Ferry, no livro Aprender a Viver… “Quando o anarquista, como porta-voz das camadas sociais em decadência, reclama com toda a indignação, o “direito”, a “justiça”, os “direitos iguais”, ele se encontra sob a pressão de sua própria incultura que não entende por que, no fundo, sofre… Há nele um instinto de causalidade que o força a raciocinar: é preciso que seja culpa de alguém se ele está tão pouco à vontade… essa “grande indignação” já lhe faz bem, é um verdadeiro prazer para um pobre-diabo poder injuriar, ele encontra nisso uma leve embriaguez de poder…”
Para os acadêmicos que personificam este sodalício trago outra reflexão nietzschiana, em A Vontade de Poder: “a grandeza de um artista não se mede pelos “bons sentimentos” que ele suscita”, mas reside no grande estilo, quer dizer, na capacidade de se “tornar senhor do caos interior; em forçar seu próprio caos a assumir a forma; agir de modo lógico, simples, categórico, matemático, tornar-se lei, eis a grande ambição”.
De volta às pedras do Iripixi, sentado naquela onde há uma gravura rupestre, ele vê, a chegada dos navegantes europeus e brasileiros que singraram as “plúmbeas águas trombetinas”, no dizer do Padre Nicolino, em seu diário, no ano de 1876.
Viu passar por lá no ano de 1852, Domingos Soares Ferreira Pena, que a mando do Governo Imperial, cumpriu uma missão de coleta das informações estatísticas para avaliação da Região Ocidental da Província do Grão-Pará, quando aqui não existia nada, apenas uma chapada, o rio Cachoeri media 60 braças e havia 3.500 cabeças de gado no lago Sapucuá. Diz-se, nesse momento que já então se falava na separação do imenso território denominado Grão-Pará… mas, isso é um assunto para outra história das nossas gentes.
Lá também viu chegar um português, com 23 anos, Carlos Maria Teixeira, que acabara de chegar de Lisboa naquele 30 de janeiro de 1862, a bordo do brigue Ligeiro 2º, se dirigiu para Óbidos a fim de iniciar a vida como caixeiro viajante…
Viu as 3 viagens de Pe Nicolino, em 1876, 1877 e 1882…
Em 1893, viu a chegada do engenheiro Gustavo Tocantins;
Em 1894, viu a chegada do tenente Lourenço Valente do Couto…
E em 1925, a expedição dos Drs. Picanço Diniz e Avelino Oliveira.
Também de lá, já no final do século XIX, viu as canoas de Henri Coudreau sua mulher Otilia, que em suas viagens exploratórias registrou a boa acolhida que o monsieur Carlos Maria Teixeira lhe proporcionou, em 1895 registrados no livro Voyage au Trombetas, hoje vivo nas memórias e vidas de seus descendentes. Henri Coudreau faleceu em viagem no rio das Trombetas e foi enterrado ali mesmo, bem próximo as pedras do Iripixi.
O tempo encobriu os fatos só agora descortinados pela pesquisa e trazidos pela literatura… dizia o filósofo alemão Jurguen Habermas (93 anos), que: “a linguagem e a literatura são o endereço da liberdade”.
Nas memórias, a oralidade não deixa vínculo gravado a não ser na psique de cada um de nós… mesmo a memória popular é reprodução da visão de mundo do falante, daquele que usa seu tempo a mais para pensar… E ao repetir a cisma diária, o ser humano delimita sua espacialidade, sua temporalidade, seu modusvivendi… por estas razões, nas minhas primeiras intervenções diante dos alcaides antecedentes da municipalidade enfatizava e ainda faço agora, a fala de Ortega & Gasset, outro filósofo, desta vez, um espanhol para quem “o mundo sou eu e minhas circunstâncias… o mundo começa a partir de mim…”, da minha aldeia, cantada em versos como Pablo Neruda, em prosa como Machado de Assis, em rabiscos originários como nosso Guruxy, onde bebi as primeiras linhas da historiografia trombetina, segundo suas próprias palavras: “Foi um esforço de 27 anos e 11 meses de trabalho, tempo em que estivemos à testa da Agência Municipal… do IBGE, em Oriximiná. Desde então vínhamos concatenando dados, entretanto, sem pensar em escrever um livro… com certeza haverá alguém que o criticará, o que não afetará o orgulho de sermos os primeiros filhos dessa linda terra que se chama Oriximiná, abençoada por Deus e por Santo Antonio, seu padroeiro, que levará ao conhecimento de seus filhos e de outros brasileiros o que é esta cidade que há 45 anos teve a sua emancipação política e, agora, é uma das mais desenvolvidas dentre as suas congêneres na região… desejamos que outro oriximinaense, nosso descendente ou não, mas com igual ou maior amor, procure, mais tarde melhorar o nosso trabalho. A semente está lançada…” in Apresentação do Livro Oriximiná, de Grouxy, em 1994.
“A quantos nativos a história enrosca?” muitos e tantos serão aqueles que acordarão da ignorância das coisas deste mundo!
Mediando o espaço terra-floresta estamos pisando em vastas camadas de produção culturais antecedentes da nossa gente. Chama a atenção a quantidade de fósseis e outras manufaturas deixadas pelas nações que nos antecederam aqui mesmo nestas paragens… São prenhes de mensagens, ícones e significados outros quando imaginamos uma civilização dinamizando nestas terras que nos receberam para mais esta etapa da nossa existência, daí o sagrado, daí a vivência… mas, quando esses artefatos arqueológicos não são associados à vida, quando não se dá o devido respeito para essa riqueza cultural que aflora…. então, é só careta mesmo! Como alí no “valão do Lameira…”
Neste ponto quero registrar o grande feito para a cultura trombetina que foi o evento de inauguração do Museu Konduri, com a exposição Olhos da Terra… uma grande visão de futuro ! Parabéns a todos envolvidos nessa tarefa!
Chegando ao final do momento introspectivo eis que Caco Konduri elege o caminho das águas, as ruas da floresta, dos igapós, que recebem os navios (o ferro), a quilha (os lemes) que lhes dão o fluxo e direção da vida, carreando as riquezas rio abaixo.
Lembra-se aqui também os feitos do inesquecível e heroico negro Balduíno Melo, com sua visão submersa via o “ferro de bobuia”, que tantas vezes ouvi narrar nas viagens para a várzea da Boa Vista, no processo de curanderia do gado envenenado pelas folhas de “gibata”, aguardando o “purgante do Velho Balduíno” para salvatagem bovina.
Das várias nações indígenas na região, Aroases, Apantos, Uabois, Pauxis, Omáguas, Wai-Wai, ao longo do tempo uma vai preterindo outra, de modo que os Cunurizes, batizaram uma das serras das cercanias do lago Sapucuá…(ligado pelo rio Cunurizes (atual Nhamundá) ao Vrixamina, Uradimina, Urudimina, Trombetas) foram escolhidas pelo casal dos ingleses Peter Hilbert, que por aqui passaram na década de 60, para estudar as muitas “cerâmicas” daqui levaram cerca de 35 mil peças (caretas) e material similar… Kurt Niemundajú e João Barbosa Rodrigues, cientistas, que visitaram o rio das Trombetas, afirmam que levaram caixas e caixas com mais de 10 mil artefatos cerâmicos e fossilizados para o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Umas 3 mil peças da arqueologia do rio Trombetas foram parar no Museu Metropolitano de Nova York.
As razões do saber guardadas neste sodalício que se instala hoje serão motivos de muitas e muitas outras reviravoltas nas histórias das nossas gentes.
Mais ainda serão aqueles que virão aqui retirar as camadas do saber arqueológico acumulado pelo tempo, como dizia outro francês, Michael Foucault, na sua brilhante Arqueologia do Saber, que tem como objetivo especificar um método de investigação para entender a ordem interna que constitui um determinado saber, quer seja um saber da nossa trombetinidade, quer seja um saber filosófico mais apurado.
Foi assim, na contracapa do livro Kondurilândia – idéias e registros na gênese da nova unidade federativa no oeste do Pará, que veio a público o soneto de Caco Konduri, estreando uma noite com mais de 70 autógrafos, ali, no Restaurante Jacitara, de boas recordações, no longínquo abril do ano 2000.